Museu do índio deve levar nome de indigenista símbolo do Xingu
"vereador espera garantir que trabalho do sertanista não se perca com o tempo"
Uma obra imponente, que guardará
para as futuras gerações a história dos povos do Xingu, pode levar o nome de um
dos homens mais importantes para a região. Indigenista, mas também intitulado
sertanista, Afonso Alves da Cruz, o Afonsinho, recebeu uma homenagem póstuma
dedicada pelo vereador Victor Conde, do MDB, que apresentou o projeto à Funai,
e a empresa Norte Energia.
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Foto: Arquivo da Família |
A indicação nº 1652/2018, sugere
à empresa, responsável pela obra de construção da nova Casa do Índio, que o
prédio receba o nome de Museu Afonso Alves da Cruz, como forma de eternizar seu
legado, e permitir que a região, e as futuras gerações, tenham acesso a essa
parte tão importante da história dos povos do Xingu.
A indicação foi aprovada por
unanimidade na casa de leis, e agora será apresentada à Funai, que será a
gestora do prédio. A intenção do parlamentar, um fã assumido do sertanista, é garantir
que uma história tão rica não se perca com o tempo. “Nós convivemos com um
homem que desbravou essa região, conheceu a fundo os costumes, culturas e
línguas que pouquíssimas pessoas tiveram sequer conhecimento. Ele não apenas
protegeu essas populações, o Afonso permitiu que esses povos fossem conhecidos,
e respeitados, nós temos uma dívida com esse homem, e essa foi a forma que eu
encontrei para saudar parte dela”, declarou o parlamentar.
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Foto: Arquivo da Família |
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Foto: Arquivo da Família |
História
Com 16 anos de idade Afonso começou
uma trajetória que entraria para a história. Recrutado pelo Serviço de Proteção
aos Índios – SPI, foi trabalhar com os Kayapó, no posto Gorotire. Levado por
parentes, e amigos que também trabalhavam com os indígenas, Afonsinho teve uma
passagem tranquila, e logo foi transferido para outro posto. Dessa vez, o
desafio parecia maior, e o trabalho era com os Kayapó do grupo Kubenkranken, que
viviam em conflito com seringueiros.
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Foto: Arquivo da Família |
A partir de 1970, já experiente,
o sertanista passou a ser enviado para expedições próximas aos trechos que
estavam sendo ocupados pelo governo federal, para a abertura da Rodovia
Transamazônica. Os militares precisavam construir a rodovia, mas os indígenas
Arara se recusavam a aceitar pacificamente a obra, que havia passado dentro de
uma de suas aldeias. Em 1979, após várias tentativas de aproximação, e alguns
poucos contatos firmados, como mostram os relatos de amigos, e do próprio sertanista,
os Arara atacam um grupo da Funai, e Afonso acaba sendo flechado duas vezes.
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Foto: Arquivo da Família |
Foram meses de recuperação, mas
após estar de volta ao trabalho, Afonso retomou o contato com os Arara, e ao
lado do sertanista Sydney Possuelo, se aproximou dos Arara da região do
Laranjal, em meados de 1980, e em seguida, dos Arara da Cachoeira Seca do Rio
Iriri, já em 1987. Esses novos contatos foram pacíficos, e representaram uma
mudança na política de aproximação da Funai junto aos indígenas isolados. Esse trabalho
rendeu ao sertanista o respeito do povo Arara da Cachoeira Seca.
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